sábado, janeiro 10, 2009

Vinho, queijo e você

Certa vez alguém me disse que as únicas coisas que melhoram com o tempo eram vinho e queijo. Imediatamente lembrei-me desse comentário descartável quando te vi ontem a tarde perto do ponto de ônibus. Sentada no banco junto a janela do coletivo lotado, eu te reconheci imediatamente. Você estava sentado no banco da praia, do lado de uma bicicleta que já havia visto dias melhores, esperando por alguém. Vale a pena mencionar que, para o meu delírio, você estava sem camisa, usando uma bermuda que era, possivelmente, uns dois números maiores do que o correto para o seu manequim. Não pude deixar de sorrir ao ver a cor horripilante da mesma. Você sempre teve um péssimo gosto para roupa.

Acho que a ultima vez que lhe vi foi há uns dez anos atrás. Eu trabalhava naquela lanchonete horrorosa e você naquele posto de gasolina imundo. Eu ainda me arrepio quando me lembro a maneira estúpida como o meu coração acelerava quando você se aproximava sorrindo, sem camisa, da lanchonete. Deixando para vestir a mesma apenas no ultimo segundo, antes de atravessar a porta. Eu jurava que você fazia aquilo só para me enlouquecer. Você teria que ser cego para não ver a maneira como eu te comia com os olhos cada vez que você sentava no balcão. O que posso dizer? Eu adorava olhar as saliências do teu corpo. Especialmente quando você não percebia. Morreria de vergonha se você percebesse. Hoje, dez anos depois, eu não tive vergonha de te olhar de cima a baixo. O que eu tive foi preguiça de descer do ônibus e perguntar o que você estava fazendo da vida. E se agora eu me pergunto o que teria acontecido se eu houvesse descido daquele ônibus, eu ao menos posso ter a certeza de que o teu corpo, assim como a droga do vinho e do queijo, só melhorou com o tempo...

domingo, janeiro 04, 2009

Duas da Tarde



E pensar que eu deixei você ir comer na casa da sua mãe. Imaginando que isso seria melhor do que tê-lo no meu apartamento em pleno domingo a tarde enchendo a minha paciência. Verifico mais uma vez o relógio da cozinha: duas da tarde. A essa altura você já se empanturrou de berinjela à milanesa e frango frito. A velha só conhece essas duas receitas, o que me levar a cogitar como você acabou virando um gato tão gostoso com uma alimentação tão precária. Seja como for, a essa altura você deve estar falando sobre mim. Imagino se você está me elogiando ou acabando comigo. Espero honestamente que seja a segunda opção, assim a bruaca jamais vai querer ser a minha amiga. A única amizade que eu tolero com gente de mais de 50 anos é do velho gênio que arruma os meus saltos e as minhas sandálias. Suspiro. Uma fome descabida me ataca. Vou ate a geladeira e não vejo nada que me apeteça. Desanimo. Vou para o quarto e fecho as cortinas. Ligo o ventilador e fixo o meu olhar no teto, imaginando se ainda falta muito para você voltar. Odeio sentir a sua falta, ainda mais quando tenho fome de você...

sábado, janeiro 03, 2009

Remorso


Arrependimento é um sentimento nocivo que eu injeto em minhas veias quando eu penso em você. Depois de tudo que passei e vivi, eu agora sei que nada será mais doce do que os beijos que não trocamos. Você tem nome e sobrenome, mas eu me recuso a proclamar em voz alta sua alcunha. Eu me proibi desse delicioso vicio no mesmo dia que me proibi o prazer de ingerir a droga da bebida que me fazia pensar em você. O liquido âmbar que não era tão doce quanto a força do seu olhar, mas era tão forte quanto a dor da sua recusa, quando eu me ofereci. Você caminhava tão altivo e seguro a minha volta. Como eu podia saber que por dentro você ansiava pelo sabor dos meus lábios assim como eu cobiçava o prazer secreto de prendê-lo em meus braços? Beijá-lo com ardor, sem carinho. Deixar-te tão maluco a ponto de sentir o teu corpo solido me prensar contra a parede, exigindo que eu devolvesse a sanidade que eu roubei de você. Vontades inomináveis que agora fazem parte de uma pintura inexistente que eu chamo de “pesar”. A verdade pode ser dolorida, mas jamais inconveniente. Eu te quis pra mim. Pronto, eu disse. Desejei-te como uma maldita cadela no cio. Trêmula de desejo quando você me puxou pela cintura. Uma dança breve o suficiente para que eu pudesse ter a visão perturbadora de um paraíso que jamais seria meu. Sim, eu ainda penso em você. Seu corpo, seu rosto, a sua voz... Tudo perfeito demais para que eu não use a sua lembrança em meus devaneios eróticos. Mas não se preocupe. Pelo menos em meus sonhos eu sou gentil com você...

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Gratidão

É você que me toca quando nada mais me acalma. É você que me entende e consegue colocar em palavras o redemoinho de emoções na qual eu me perco quando caminho sem direção. É você que diz a coisa certa, quando tudo mais parece errado demais para se compreender. É somente com você que eu fecho os meus olhos e me deixo levar. Não há razão para temer quando você me abraça. As lagrimas que derramo por ti são de gratidão, por tudo que você já fez por mim. Sem você, eu não saberia viver. Sem você, eu não saberia dizer, escrever ou entender o que realmente importa nessa vida. Pois tudo nessa vida sempre me leva a você... A música.

terça-feira, janeiro 16, 2007

O Homem Traído

Na academia tem um professor delicioso. Para agüentar os trinta minutos em cima da esteira, essa maquina de tortura, eu me convenço que ele é o meu premio. O incentivo é tão bom que eu nem vejo o tempo passar. A única coisa que percebo passar é ele, na minha frente, com aquela calça de moletom folgada e seu tênis da moda. Blusinha agarradinha e cabelinho com gel. O filha da puta é vaidoso. Eu suando como uma porca na ergométrica enquanto ele passa do meu lado, cheirando a paraíso. Ele é todo gostoso e sabe disso. Faço loucuras em pensamento com aquele corpo perfeito. Mas então eu percebo como ele fala com as outras meninas da academia. Todo cheio de charme. Sinto-me traída. Odeio-o por isso. Volto para casa e te encontro no sofá. Você também já foi gostoso como o meu professor. Mas ao invés do abdômen tanquinho, agora você tem essa discreta barriguinha de cerveja. O seu cabelo não tem gel, pois é todo arrepiado por natureza. Definitivamente você não usa roupinhas transadas ou o tênis da moda. Você odeia se vestir igual a todo mundo. Quer saber? Um dia você foi gostoso e nem sabia disso. Você ainda é gostosinho, mas não é vaidoso. Acho isso o maximo. Sem aviso eu me jogo em cima de você e te escuto reclamar que eu estou toda molhada de suor. Mando você calar a boca e me beijar. Ah! Esqueci de dizer: você é super obediente... Te adoro por isso.

domingo, janeiro 14, 2007

Me deixas louca

Completamente louca é como eu me sinto quando eu acho a droga do seu sapato jogado na sala. Deixo de sorrir imediatamente quando vejo a sua blusa largada de qualquer jeito no banheiro. A paciência vai para o ralo ao notar a pia com os restos do sanduíche que você fez. Uma raiva, mais do que justificada, começa a ferver em mim quando descubro a geladeira repleta de cerveja, ao invés da lista de itens que eu pedi para você comprar. Nem tento evitar a vontade de lhe xingar, quando percebo que a conta da TV a cabo em cima da mesa. Eu não fui clara ao dizer que a porcaria vencia hoje?!? Jogo a bolsa em cima da cama e começo a organizar na minha cabeça a lista de palavrões que eu vou despejar na sua cara, assim que você chegar. Quando escuto o som das suas chaves na porta eu me preparo para explicar, detalhadamente, o grande traste que você é. Assim que você surge no quarto, me olhando com essa sua cara de inocência safada, eu disparo todos os palavrões em cima de você, enquanto digo, com os meus beijos, o quanto eu senti a sua falta...

sábado, janeiro 13, 2007

O reflexo

Perco a razão quando percebo a sua hora chegando. Não sei onde a minha sanidade se esconde quando escuto o barulho do seu carro debaixo da minha janela. Penso em procurá-la (a sanidade) enquanto corro para o banheiro. Mas a única coisa que encontro ali são os vestígios da saudade, grudada em meu rosto, no reflexo do espelho. O batom que coloco em minha boca de modo apressado disfarça a sede dos seus lábios. O lápis preto que jogo nos olhos vai desviar a sua atenção das minhas mãos, frenéticas e úmidas, escondidas atrás das minhas costas. O perfume cítrico vai disfarçar o cheiro de cio. Penteio o cabelo com os dedos em movimentos frenéticos. Quero que pense que eu estava dormindo ate então, ao invés de estar rolando na cama com a blusa que você esqueceu aqui. A campainha toca. Uma ultima olhada na superfície espelhada e vejo o que você irá ver em instantes: Uma mulher completamente apaixonada, morrendo de vontade de você.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Honestidade

O que você quer que eu diga? Que eu não senti a sua falta? Que eu não perdi as ultimas horas da minha vida imaginando onde você estava? Você quer que eu te engane e diga que eu não fiquei aqui suspirando como uma tola, fuzilando o relógio, contanto os minutos ate você surgir? Sorry baby, mas eu não sei mentir tão bem assim. Eu estava aqui esperando, como uma boba, você chegar em casa e me acender como só você sabe fazer. Meu corpo, inquieto, já adiantou o serviço pra você. Estou pronta para recebê-lo. Problema seu se você não consegue lidar com a minha necessidade de você. Pouco me importa se você não sabe o que responder diante de tanta honestidade. Larga essa racionalidade, junto com os seus sapatos, perto da porta e vem logo aqui. Essa cama sem você não faz sentido algum pra mim. Mas anda logo, por que senão eu vou acabar gozando sozinha. E eu sei que você (e muito menos eu) não quer que algo assim aconteça...

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Perfeita Simetria

Sempre odiei calculo, mas adoro a geometria que reconheço em você. Entre números e medidas, eu encontro o encaixe perfeito para os meus dedos, bem ali, no meio das ondulações quentes de suas costelas. Como dois peregrinos, as mãos que são minhas viajam pelo corpo que é seu. Desbravando e conquistando cada centímetro de película viva. Quero passar a minha vida inteira memorizando a geografia da tua barriga, rija, contra a minha. Dos sulcos que vibram nos antebraços fortes ate os ombros que guardam suas costas, perfeitas, de todo mal. Dizem que o corpo feminino é mais bonito que o masculino. Mentira! Não troco tua pele dura por nenhuma outra. Não quero saber de seio algum, quando posso provar as delicias de seu mamilo pequeno. Você é o que eu sempre sonhei... Minha perfeita simetria.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Bala de Canela

Cercada pelos espinhos de tua barba, ela se revela. A boca. Pele macia de tom rosado que sinaliza os sabores que são atiçados pela língua atrevida atrás dos portais celestiais... Seus lábios. Fonte de delírios inomináveis. Passaporte para o zênite. Chave que abre o cofre dos meus desejos mais sujos. Com ela, a sua boca maldita, você abre meu coração assim como as minhas pernas. Lambe, chupa e mordisca a pele sensível do meu peito. Usa essa ferramenta de tortura em mim. Quero gritar de prazer debaixo do seu sorriso irônico. Não seja gentil, por favor. Essa noite não. Vem com essa boca deliciosa para cima de mim. Me toma por inteira. Me chupa como se eu fosse uma bala de hortelã. Que eu te chupo depois, minha gostosa bala de canela.